segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

única vogal

nisso que carregamos
sempre ao lado, que para alguns vem na frente
baú de tesouros escondidos, histórias passadas
nisso que passaremos
algumas vezes fardo, outras universo infinito de possibilidades

que ele nos deixou como lembrança
presente, herança
que nos lança numa errância

para nunca esquecermos de onde viemos
para estar presente, mesmo na ausência
já tão longa

isso que é sobrenós
encontro uma única vogal
a mais linda
que simboliza junção
do que tem a mais
do que une
e...

somos só eu tu
ninguém mais será
somos matéria volátil dessa soma, desse amor
somos filhos, somos irmãos

marcados pelo desejo
pelo encontro das vidas cruzadas
pelos traços tatuados na epiderme
corre nas veias esse vermelho
que transborda, transporta
borda e abre porta
nos faz

quando implica
eu suplico
e aprendo com o que não replico

o aperto de mãos
unindo as mãos, a vida
está calado mas pulsante

fraterno
paterno
materno
irmandade

quis ser igual
agora já não sei
é o diferente que nos enlaça, perpassa, embaraça
únicos, iguais e diferentes

mas por favor, me diz
mesmo quando limpa o ombro
aparando os restos
que pelo menos isso
não está a venda

Um comentário:

  1. Anna, ótimo texto/poema/música.
    "quis ser igual
    agora já não sei
    é o diferente que nos enlaça, perpassa, embaraça
    únicos, iguais e diferentes"
    Muito bom.

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